Por Berenice Ring*
Você já se deu conta da quantidade de decisões que precisamos tomar hoje em dia? E do número de detalhes que estão envolvidos em cada uma delas? Com certeza, no início do século passado, a vida era bem mais fácil. Mercadorias de consumo eram vendidas a granel e quem escolhia a mercadoria para a dona de casa era o dono da venda, sua pessoa de confiança.
Se quiséssemos comprar um carro em 1915, a escolha era muito simples. A única montadora existente era a Ford, a introdutora da linha de montagem, e a escolha se resumia a um modelo, o Ford T – Ford de Bigode no Brasil. Não apenas isto mas, como bem definia Henry Ford, “o cliente poderia escolher a cor que quisesse, desde que fosse preto”. Estava escolhido o carro: montadora, modelo e cor. Em 1987, havia no mercado brasileiro automóveis de 6 montadoras para escolhermos: Ford, Volkswagen, Fiat, GM, Gurgel e Toyota . Em 2008, já eram 36 os fabricantes que colocavam à nossa disposição veículos para comprarmos. Sem dúvida, nossas opções de escolha aumentaram exponencialmente.
Nos hipermercado em 1991 encontrávamos 15.000 itens ofertados nas prateleiras. Hoje encontramos quase 50.000! Entre eles, 100 tipos de iogurtes e 200 modelos de celulares. A abundância de escolhas não necessariamente nos leva a melhores decisões. Conforme escreve o psicólogo e professor Barry Schwarz em seu maravilhoso livro “O Paradoxo da Escolha”, a extensa quantidade de opções provoca um esforço excessivo na tomada de decisão, o que torna o processo seletivo extremamente cansativo e desmotivante. Não bastasse esta questão, quando comparamos muitas opções, cada escolha significa para nós abrir mão das outras, fazendo com que a alternativa escolhida nos pareça menos atrativa e nos cause uma sensação de perda. Até pouco tempo atrás, para tentar diminuir esta frustração, a saída era consultar pessoas de nossa confiança para reforçar nosso sentimento de satisfação com a decisão tomada.
Hoje, com o extraordinário avanço da web 2.0 este universo se transformou num oceano de informações. Por exemplo, se você está planejando uma viagem de Lua de Mel para Nova York, em sites como tripadvisor.com encontrará informações completas sobre todos os hotéis da cidade. Mas o mais interessante, é que se decidiu gastar seu precioso dinheiro passando a noite de núpcias no famoso The Pierre, o hotel que aparece nos filmes, através da comunidade de usuários deste site, poderá ler nos comentários online que há opiniões desde “ótimo hotel” a “decepcionante” ou “ótima localização... serviço pobre.”
É uma grande vantagem poder receber recomendações de turistas como você, que estiveram lá recentemente, além do aconselhamento de seu agente de viagens. Com certeza, você terá menos surpresas desagradáveis quando chegar ao hotel escolhido. O TripAdvisor agrega mais de 500.000 hotéis com 25 milhões de comentários. E se quiser comprar uma máquina fotográfica na viagem, pode consultar o cnet , um dos mais respeitados sites de críticas e comentários de produtos eletrônicos de todo tipo, desde celulares a TVs, computadores e câmeras fotográficas.
Na volta, quando desejar convidar amigos para jantar, no Facebook você poderá visitar o Epicurious, encontrar receitas e mostrar a seus amigos o que você estará preparando. E no Twitter, se entrar com o hashtag #receitas, encontrará diversas dicas de usuários.
Algumas marcas já compreendem esta tendência e oferecem a seus consumidores uma seção própria para críticas dentro de seu site como my kmart ou o MySears Community. E alguns sites foram criados justamente em cima desta tendência, como o ByMk ou o Polyvore onde os próprios internautas se expressam, montando looks para nos ajudar a fazer compras e nos vestir na moda gastando menos.
A penetração das redes sociais hoje é realmente surpreendente. Uma recente pesquisa mostrou que 90% das pessoas interrogadas conhece pelo menos 1 site social e na média os usuários conhecem 4 sites sociais. Através deles, as pessoas têm a possibilidade de fazer parte de comunidades de pessoas com valores, estilos de vida ou interesses similares aos seus. O Facebook é o maior exemplo disto, com seus mais de 500 milhões de usuários e incontáveis comunidades. No site americano Yelp! , que assina “pessoas de verdade, avaliações de verdade”, se você quiser pesquisar opiniões de clientes sobre restaurantes de Nova Iorque poderá consultar 12.625 estabelecimentos e se quiser saber sobre lojas, encontrará 7.033 para pesquisar. No Yelp! você também pode saber a opinião dos usuários sobre profissionais liberais como dentistas, arquitetos e até cirurgiões.
Como confirmou um estudo da Nielsen “recomendações pessoais e opiniões de consumidores postadas online são as formas de publicidade com mais credibilidade globalmente”. O mesmo estudo, o maior já produzido – 25.000 pessoas online de 50 países, mostrou que 9 em 10 pessoas confiam em recomendações de pessoas que eles conhecem, e 7 em 10 confiam em recomendações online, de pessoas que eles não conhecem.
Dentro deste cenário, uma bela estratégia de mídia social pode fazer maravilhas pelas marcas quando se pensa em envolvimento entre marca e seus públicos. Que tal a marca se posicionar como o elemento de auxílio em suas escolhas? Representar o papel do “dono da vendinha” do começo do século XX e ser a pessoa de confiança de seus consumidores? Será que as Marcas estão aproveitando devidamente esta enorme oportunidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário